Localização
Florianópolis-SCEquipe
Giulia Aikawa, Thiago Steffen, Umberto Violatto e Yuri WagnerProfessor Orientador
Almir Francisco ReisAno
2015Ano do projeto
2015Fotografias
Cortesia de Giulia Aikawa, Thiago Steffen, Umberto Violatto e Yuri Wagner
Apresentamos a seguir o projeto premiado com o Primeiro Lugar no 8º Concurso CBCA para estudantes de arquitetura, desenvolvido pelos alunos Giulia Aikawa, Thiago Steffen, Umberto Violatto e Yuri Wagner, da Universidade Federal de Santa Catarina. Veja na sequência algumas imagens e a descrição pelos autores da proposta.
Dos autores: O conjunto arquitetônico proposto situa-se na cidade de Florianópolis (SC), Brasil, em um ponto de elevada altitude, conhecido como Morro da Cruz. Este morro encontra-se em posição central na cidade: está entre o Centro e o bairro da Trindade, no qual se localizam importantes instituições como a Universidade Federal de Santa Catarina e a Eletrosul.
O Morro da Cruz foi historicamente ocupado por parcelas da população à margem do processo de constituição da “cidade formal”: ex-escravos, pobres expulsos do centro da cidade na época das mudanças sanitaristas, ex-trabalhadores de grandes obras públicas, como a construção da Ponte Hercílio Luz (1922), migrantes provenientes das áreas rurais. A ocupação das encostas do Morro da Cruz consolidou-se como alternativa de moradia próxima ao centro para a população de baixa renda, que não podia arcar com o elevado custo da terra na “cidade formal”. Hoje em dia, essa ocupação está sendo regularizada, e a área em que habitam cerca de dezoito comunidades é demarcada no Plano Diretor como ZEIS (Zona Especial de Interesse Social).
Em 2011, a via Transcaieira, que percorre e conecta dois lados do morro, foi asfaltada em obra do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), o que gerou novos fluxos urbanos e definiu um elo significativamente mais forte entre a “cidade informal” nas encostas do morro e a “cidade formal” logo abaixo. Essa rua, atualmente servida pelo transporte coletivo e pela qual circulam principalmente os moradores do Morro da Cruz, é cada vez mais utilizada pela população não residente na área como conexão direta entre o centro e o bairro da Trindade.
O terreno escolhido para a implantação do Centro Esportivo e Social encontra-se justamente nessa rua. O local apresenta desníveis acentuados: em dois de seus extremos há elevações que conformam “colinas” e em seu centro há uma área já aplainada, utilizada atualmente como um campinho de futebol. Ao sul, o terreno possui vista para o mar e ao norte para o Manguezal do Itacorubi.
O edifício assenta-se no terreno como uma ponte entre as duas colinas, abrigando, sob a sua cobertura, uma quadra poliesportiva no mesmo local onde antes existia o campo de terra batida. O esporte é, assim, oficializado no local, e esse terreno, que já é ocasionalmente utilizado pela comunidade como espaço de lazer, tem seu caráter público oficializado com a instalação do equipamento, que se torna ponto de convergência das comunidades e suporte para atividades educativas e culturais. Isto é de especial relevância no contexto, uma vez que atualmente não existe equipamento do gênero que atenda às comunidades próximas e também porque a instalação do complexo reforçaria o vínculo entre a população das encostas do morro e a que habita os bairros abaixo. Tal como implantado, o edifício estabelece forte diálogo com a paisagem, inserindo-se no terreno para liberar as vistas para o entorno da cidade. Portanto, além de condensar as atividades sociais, o edifício funciona como elemento que reforça a paisagem e permite a leitura da cidade a partir do alto.
Em suas extremidades o edifício abriga dois blocos: de um lado, administração e lanchonete no térreo, e oficinas (espaço multiuso para cursos artísticos e profissionalizantes ou reuniões da comunidade) no pavimento superior; do outro lado, vestiários e banheiros no térreo, sob a arquibancada, e sala de dança (para aulas de dança, yoga ou outras práticas corporais) no pavimento superior. No centro da edificação, com pé-direito de 7m, está a quadra poliesportiva. A conexão entre esses dois blocos é realizada através de passarelas elevadas nas laterais da quadra, conformadas por dois pares de treliças de aço de um pé-direito de altura. A estrutura que suporta a cobertura do conjunto é composta pelas treliças, no sentido longitudinal, e por vigas-vagão de aço, que as conectam no sentido transversal, na modulação de 5m. As treliças da passarela descarregam os esforços em quatro pilares de concreto. A cobertura do edifício é em laje alveolar de painéis pré-fabricados. Nela estão localizados o skatepark, equipamentos de ginástica ao ar livre e o acesso ao mirante, do qual se tem ampla vista para a cidade.
“A ponte não se situa em um lugar. É da própria ponte que surge um lugar”. (HEIDEGGER, 1954)